Descarbonização no Transporte Brasileiro: Desafios, Oportunidades e o Papel das Alternativas Energéticas

A descarbonização tornou-se um imperativo global, e o setor de transporte, um dos mais significativos da economia, está no centro dessa transformação. No Brasil, essa agenda ganha relevância crescente, impulsionada tanto por pressões ambientais quanto pela busca por eficiência e competitividade no cenário internacional. No entanto, o caminho para um transporte mais sustentável no país apresenta desafios estruturais significativos.

Um dos principais obstáculos é a infraestrutura inadequada. Para a eletrificação da frota, por exemplo, há uma necessidade crítica de pontos de apoio para recarga rápida para operações de logística de média e longa distância, que atualmente não existem em quantidade suficiente . Além disso, o investimento público no setor tem sido abaixo do necessário, o que obriga muitas empresas a buscar soluções inovadoras por conta própria . O custo elevado dos veículos elétricos em comparação com os movidos a combustão, o investimento inicial elevado, o custo de substituição da bateria e a capacidade e autonomia das baterias são outros desafios para a adoção em larga escala.

A ineficiência logística, a elevada carga tributária, a burocracia excessiva, a insegurança jurídica e a insegurança física e patrimonial também são citados como entraves macroeconômicos que elevam os custos e dificultam a competitividade, inclusive na agenda de sustentabilidade. A falta de mão de obra qualificada para novas tecnologias, como a manutenção de veículos elétricos, também é uma preocupação.

Diante desses desafios, a busca por alternativas energéticas e rotas tecnológicas mais eficientes tem se intensificado. A eletrificação é uma rota importante, especialmente para o transporte urbano. Projetos como a compra de ônibus elétricos por municípios e linhas de financiamento do BNDES indicam um movimento nessa direção. No entanto, a infraestrutura de recarga e a adaptação da infraestrutura urbana são barreiras. A indústria de autopeças, em consonância com as montadoras, está se preparando para as tecnologias de eletrificação e hibridização, aguardando a demanda do mercado. A transição tecnológica no transporte ampliará a cadeia de fornecimento, demandando, por exemplo, componentes como ímãs de terras raras, cuja extração no Brasil requer investimento e política de P&D.

Além da eletrificação, outras alternativas ganham destaque. Biocombustíveis como o biometano e o gás natural veicular (GNV) são vistos como opções, especialmente para o transporte coletivo em grandes cidades. O biometano, produzido a partir de resíduos, tem a capacidade de promover a economia circular e reduzir a pegada de carbono. O biodiesel, o etanol e o diesel verde (HVO) também são mencionados como substitutos para motores ciclo diesel. Para a aviação, o SAF (Sustainable Aviation Fuel), produzido a partir de matérias-primas sustentáveis, é a alternativa ao querosene fóssil. Especialistas defendem que o biocombustível “da maneira que o brasileiro sabe fazer” pode ser um carro-chefe para a transição energética utilizando a frota atual.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as práticas de logística reversa e economia circular são fundamentais nesse contexto de sustentabilidade1 …. Empresas estão investindo em reciclagem de materiais e consumo consciente, embora o Brasil ainda tenha um baixo índice de reciclagem geral41 …. A perda anual devido ao descarte inadequado e reciclagem ineficiente é estimada em R$ 120 bilhões45 .

O setor privado e o poder público precisam atuar em conjunto para impulsionar a descarbonização. Acelerar leilões de concessões para todos os modais, incluindo hidrovias, é visto como um instrumento importante para modernizar a infraestrutura. Programas como o Mover (Mobilidade Verde e Inovação) e a lei do Combustível do Futuro buscam incentivar a cadeia de fornecedores e o uso de combustíveis renováveis, mas sua implementação prática ainda é um desafio. É crucial garantir o financiamento necessário para a renovação da frota e os investimentos em novas tecnologias.

Eventos como a Intermodal South America e a NT Expo servem como plataformas essenciais para debater esses temas, apresentar soluções tecnológicas inovadoras focadas na otimização de processos e na responsabilidade ambiental, e promover a colaboração entre os diversos players do setor55 ….

Em suma, a descarbonização no transporte brasileiro é um processo complexo que exige investimentos em infraestrutura, políticas públicas de longo prazo, inovação tecnológica e a colaboração entre governo, setor privado e academia. Embora os desafios sejam significativos, a pressão da crise climática e as oportunidades de eficiência e competitividade tornam essa transição urgente e inevitável

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