O aplicativo WhatsApp compartilha mais dados pessoais dos usuários com outras empresas do grupo Facebook no Brasil e na Índia, seus dois principais mercados, do que na União Europeia. De acordo com o levantamento realizado pelo Data Privacy Brasil, os termos de uso na Europa oferecem mais detalhes sobre as informações coletadas pela plataforma. No Brasil, a política virou objeto de disputa entre a empresa e autoridades, que conseguiram mais prazo para fazer análises.
Uma das principais mudanças no termo de uso se refere ao que o aplicativo fornece a outras empresas do seu controlador Facebook, como a rede social homônima e o Instagram. Embora o fluxo de informações entre essas marcas ocorra desde 2016, agora é preciso concordar com esse processo. Essa alteração gerou alerta em autoridades e usuários, que a princípio não entenderam o que de fato mudaria.
O modelo europeu surgiu em diversos debates como um exemplo e foi defendido por especialistas por oferecer mais proteção à privacidade. Reguladores europeus determinaram a maior restrição, ou seja, enquanto o WhatsApp compartilha dados entre as empresas do Facebook para melhoria dos serviços na Europa, na Índia e no Brasil ele também compartilha informações para conectar as pessoas com produtos do Facebook para otimizar o direcionamento de anúncios, mostrando ofertas e publicidade em todas as redes da empresa.
Um ponto de atenção no debate sobre privacidade tem sido o perfil detalhado das pessoas, pois elas detêm o que tem sido chamado de monopólio das informações. A política europeia tem uma seção dedicada às bases legais de tratamento de dados pessoais, material inexistente na redação jurídica de Brasil e Índia. Entretanto, seja qual for a base jurídica aplicável, o usuário sempre tem o direito de solicitar o acesso, a retificação e a exclusão dos seus dados.
Ainda que esteja claro nos termos do Brasil que as pessoas têm seus dados compartilhados com as outras empresas do grupo, especialistas criticam que isso demorou a ser comunicado de forma explícita. Também defendem que seja possível um modelo mais granular de escolha, em que o usuário opte por compartilhar alguns grupos de dados, desviando desse modelo de atual.
Fonte: Revista Security